A infância que se consome

Caso 1: Essa semana faço 22 anos, e comemorarei numa boate onde poderei curtir as melhores músicas atuais dos meus estilos de música predileto. Dentre as muitas estão o eletrohouse "Give to me" e o hiphop "Kiss me thru the fone". Em dezembro minha irmã Bruna, de 11 anos, fará aniversário. "Marcela, será que é muito caro fechar a boate pra fazer uma festa? Porque eu queria fazer lá. Mas será que dá pra eu escolher as músicas? Porque eu quero que toque Give to me, Kiss me trhu the fone, I don't know why...".
Caso 2: Tenho uma irmã mais velha, Roberta, de 24 anos, que já tem até uma filha de 2 anos. "Bruna, cadê aqueles seus DVDs do High School Musical? Eu quero ver no feriado!".
Eu achava que 10 ou 12 anos de diferença alterariam os constumes e consumos entre nós, afinal é quase uma nova geração. Mas percebi que além de consumir os mesmos tipos de músicas e filmes, minha irmã Bruna tem um guarda roupa mais na moda que o meu!
O que está acontecendo com essas meninas de hoje? (Digo meninas porque os meninos, apesar de crescerem, aposto que a maioria deles ainda faria a mesma escolha que meu irmão Pedro de 11 anos - sim, gêmeo da Bruna - fez para seu aniversário: jogar videogame, incluindo todas aquelas variações internar como psp, ps2, nintendo wii e afins) Bruna de 11 anos está com um corte de cabelo igual ao da Roberta de 24 anos, que por sua vez está com o cabelo igual ao da diva teen Demi Lovato. Bruna pinta as unhas da mesma cor que eu. E não é só ela. Vejo esses consumos em todas as amigas dela de escola que vivem aqui em casa.
Com essa idade 1/3 do meu quarto era minha cama, o resto era tomado pelo mundo da Barbie, com casa de três andares, piscina externa, carro esportivo, motor-home, lanchonete, praia, supermercado e afins. Eu via Chiquititas na TV, ela vê programas de cirurgias do Discovery Home and Health, além de outros que estimulam esse tipo de consumo.
A infância que se vende e se consome hoje está muito pouco infantil pro que penso como infância.

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