Weekpedia: chega ao Rio embaixadora da pop art japonesa



Esta é Aoki Misako, embaixadora  gothic lolita japonesa, nomeada pelo Ministro do Exterior em pessoa. Ela estará no Rio de Janeiro durante esta semana para divulgar um filme e a pop art nipônica. Para saber mais, leia reportagem de Lilian Pacce.

Sobre a Tavi



O post do Betho sobre a Tavi me deixou super curiosa e, mais que imediatamente, cliquei no hyperlink. O blog da menina-prodígio-fashionista é sensacional. Como se não bastasse seu talento para as coisas da moda, o blog também revela o quanto a ideia que temos dos adolescentes ainda carece de observação, respeito e percepção. A menina Tavi, no alto dos seus 13 anos, nos transporta para uma linguagem muito própria e para trás das lentes adolescentes que olham o mundo com filtros também muito próprios. Adorei conhecer a Tavi.

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Betho fala da licença que ela tem para falar besteiras, afinal, é quase uma criança. Ao mesmo tempo, importantes referências da moda a consideram uma autoridade no assunto. Taí a ambivalência tão típica da adolescência, agora, legitimada pela linguagem da blogosfera e pela fábrica de celebridades que a Internet movimenta continua e desodernadamente, para o nosso belprazer.

Jovens + Moda = Style Rookie

Primeiro eu gostaria de começar esse post dizendo que estou muito feliz por participar desse blog. Cláudinha, Obrigado pelo convite!

Agora sim, o post.

Em meio a correria do dia a dia fica complicado pensar em um tema para escrever, fiquei um bom tempo namorando um post que falava sobre uma garotinha que na época tinha 12 anos chamada TAVI. Acontece que eu não tinha idéia de como começar a falar sobre ela, até o momento que eu lí o post da Marcela e em seguida o da Cláudia, achei que não poderia ficar de fora e resolvi dar continuidade ao tema Jovens e Moda.

TAVI, 13 anos, é uma fashionista que adora cultura pop. Como toda fashionista ela gosta de montar looks e criticar outros looks. Até aí tudo normal. O que difere a nossa TAVI de outras meninas é como ela lidou com essa informação. Ela montou um blog e nele passou a produzir um conteúdo que no início era relevante somente para ela, mas no final se tornou relevante para mais de 3.500 usuários em 2009 (números tirados do contador do blog dela).

O mais importante aqui é: com 13 anos de idade, não importa sobre o que você queira escrever, você simplesmente quer escrever e com essa idade não existe uma "pressão" sobre o que você está escrevendo, não é esperado que ela seja a pessoa mais entendida do assunto ou a próxima Coco Channel. E se por acaso ela escrever qualquer besteira, "ah, ela é só uma garota". Por outro lado, se ela produz um conteúdo bom, expectativas são superadas e chegam os benefícios, no caso dela, visibilidade.

O "produto" que ela entrega no blog é relevante e muito bom. Isso não é afirmado somente por mim, mas por pessoas, blogs, resvistas consagradas muito mais importantes que eu no mundo da moda.

Nova Style: "I honestly think she's one of the most fashionable people I have ever seen."

Teen Vogue: "Tavi of Style Rookie never ceases to amaze us, and we're seriously not just saying that because she's in 7th grade. With her dead-on style observations and fearless fashion sense that puts even the most daring fashionistas to shame, this outspoken wunderkind is definitely one to watch."

Para quem quiser conferir: STYLE ROOKIE.

O consumo e suas perguntas...


A pergunta que inicia este comentário é tão profunda que ultrapassa a barreira científica e atinge níveis quase espirituais:

O QUE É CONSUMIR?

Segundo o dicionário Michaelis:
consumir
con.su.mir
(lat consumere) vtd e vpr 1 Destruir(-se), devorar(-se); corroer(-se), gastar(-se) até a total destruição; (...)

Ou seja, a primária definição da palavra trata o consumo como o ato de utilizar algo até que este seja extinto. Talvez por isso hoje eu questione a utilização da palavra consumo para a compulsão por compras que, principalmente os jovens, trazem consigo.

Ter 60 pares de sapatos, sendo que alguns sequer foram usados (e jamais serão) é consumir? Seguindo a clássica definição do dicionário, consumir um par de sapatos seria comprá-lo e usá-lo até que o sapateiro não pudesse mais remendar os furos. E aí sim comprar outro par.

Apesar da dúvida ser radical, não precisamos ser radicais em tudo! Sem necessidade de fazer voto de pobreza, poderíamos ter alguns pares de sapato, usá-los por um tempo e depois substituirmos por novos. Isso seria consumo? Consumo consciente?

Onde começa e onde termina o CONSUMO? Seria consumir apenas o ato de comprar, de trocar um montante de dinheiro por um produto e levá-lo para casa com destino incerto? Ou o consumo engloba também o fim daquele produto, tanto a finalidade como a sua extinção?
É uma categoria que levanta dúvidas... e que até o momento eu só consegui formular perguntas. Alguém tem respostas?


As Posh Tweens






O post da Marcela sobre o borramento entre as fronteiras que separam criança-adolescente-adulto têm sua expressão na moda. Francesco Morace é um sociólogo que vem sendo festejado, principalmente pelos fashionistas, por seu livro O consumo autoral. Nele, Morace classifica a tendência da moda em grupos de consumo. Um destes grupos é o das meninas Posh Tweens. Com quem Bruna, irmã da Marcela, se entenderia muito bem.

A infância que se consome

Caso 1: Essa semana faço 22 anos, e comemorarei numa boate onde poderei curtir as melhores músicas atuais dos meus estilos de música predileto. Dentre as muitas estão o eletrohouse "Give to me" e o hiphop "Kiss me thru the fone". Em dezembro minha irmã Bruna, de 11 anos, fará aniversário. "Marcela, será que é muito caro fechar a boate pra fazer uma festa? Porque eu queria fazer lá. Mas será que dá pra eu escolher as músicas? Porque eu quero que toque Give to me, Kiss me trhu the fone, I don't know why...".
Caso 2: Tenho uma irmã mais velha, Roberta, de 24 anos, que já tem até uma filha de 2 anos. "Bruna, cadê aqueles seus DVDs do High School Musical? Eu quero ver no feriado!".
Eu achava que 10 ou 12 anos de diferença alterariam os constumes e consumos entre nós, afinal é quase uma nova geração. Mas percebi que além de consumir os mesmos tipos de músicas e filmes, minha irmã Bruna tem um guarda roupa mais na moda que o meu!
O que está acontecendo com essas meninas de hoje? (Digo meninas porque os meninos, apesar de crescerem, aposto que a maioria deles ainda faria a mesma escolha que meu irmão Pedro de 11 anos - sim, gêmeo da Bruna - fez para seu aniversário: jogar videogame, incluindo todas aquelas variações internar como psp, ps2, nintendo wii e afins) Bruna de 11 anos está com um corte de cabelo igual ao da Roberta de 24 anos, que por sua vez está com o cabelo igual ao da diva teen Demi Lovato. Bruna pinta as unhas da mesma cor que eu. E não é só ela. Vejo esses consumos em todas as amigas dela de escola que vivem aqui em casa.
Com essa idade 1/3 do meu quarto era minha cama, o resto era tomado pelo mundo da Barbie, com casa de três andares, piscina externa, carro esportivo, motor-home, lanchonete, praia, supermercado e afins. Eu via Chiquititas na TV, ela vê programas de cirurgias do Discovery Home and Health, além de outros que estimulam esse tipo de consumo.
A infância que se vende e se consome hoje está muito pouco infantil pro que penso como infância.

Emmos e floggers em guerra na Argentina



Dyna, minha aluna uruguaia, me contou que os floggers e os emmos estão em guerra na Argentina. Literalmente. Busquei no Youtube e compartilho com vocês um video de 6 minutos que mostra a briga em praça pública. Além disso, o programa destaca Cumbio, uma menina flogger, que virou celebridade por lá e apresenta algumas tribos urbanas, suas singularidades e diferenças. Cumbio, como todos aqueles a quem inspira, também não gosta de ser chamada de emmo, embora se pareça muito com um.
Em outra ocasião, já escrevi sobre a questão do controle social entre os jovens, especialmente na internet. Os wannabes não são muito respeitados, já que querem ser, mas ainda não são. E, quando identificados, são repreendidos nas comunidades onde tentam entrar. As patricinhas também sofrem acusações por não facilitarem a sociabilidade.
Enquanto a disputa por espaço social, entre os jovens, permanecer no âmbito do discurso, do comportamento e do consumo, tudo bem. Tudo ótimo, na verdade, pelo menos para mim, que vivo de observar tais movimentos. Porém, quando a disputa vira briga, é tema para outros antropólogos, que estudam, com muita propriedade e enorme relevância, a violência entre os jovens.

Estreia da Weekpedia

Inaugurando a série, estreiamos a Weekpedia propondo que os autores deste blog, e quem mais se interessar, descrevam as tribos aqui propostas, semanalmente, postando o que encontrarem sobre seus símbolos, valores e gostos.
Nesta última semana de outubro, os Otakus (esq.) e os Floggers.


Os filhos da mãe, segundo o NJovem


Novos Consumidores 2 - Parte 1/5: Os Filhos da Mãe from njovem on Vimeo.

A pesquisa Novos Consumidores 2, do Núcleo Jovem da Editora Abril, destaca a importância do papel da mãe na construção da identidade do jovem urbano brasileiro. Cada vez mais, a separação dos pais deixa uma marca importante, a da presença feminina na formação de meninos e meninas. No discurso dos jovens entrevistados, como se pode ver no vídeo, o que se vê, no entanto, não é a mãe que dá carinho, alimenta e cuida, somente. É a mãe que trabalha e que sustenta o filho, deixando o legado do "faça você mesmo".
Por um lado, é mais uma conquista feminina a ocupação de um espaço antes vistado apenas pelos homens, qual seja, o do imaginário de força e autosuficiência, presente na fala dos pesaquisados. Por outro lado, porém, os dados da pesquisa indicam que o homem, cada vez mais, se liberta do papel de provedor e de formador de caráter, especialmente de seus filhos do sexo masculino.
A discussão, aqui, não permeia as questões de gênero, mas de identidade: a mãe é, hoje, a maior referência para os jovens brasileiros, o que pode indicar a transformação de valores hegemônicos em nossa sociedade.
Eu, particularmente, acho isso ótimo.

Uma etnografia para o Google



Buscando material para mostrar na aula de amanhã, encontrei esta pérola. Tem a ver com o assunto Box 1824, assim como tem a ver com o espírito "dúvida radical" deste blog.
Aviso aos pesquisadores neófitos: entre "ser ou não ser", opte pelo "não ser" como este etnógrafo do vídeo.

Os jovens contemporâneos, segundo a Box 1824


A Box 1824 é uma agência de pesquisa de tendências que, de uns quatro anos para cá, vem inovando no mercado - desde o formato corporativo (a empresa não tem endereço físico, apenas virtual) até a metodologia. A Box é 1824 porque tem como foco um público de 18 a 24 anos, embora, atualmente, estes limites estejam menos rígidos, dependendo das necessidades do cliente.
O vídeo Cosmopolitan Tribalism compila o que seria o espírito da juventude contemporânea.
Quem quiser assistir à palestra que aconteceu no dia 22 de outubro na PUC, com Mariana Baldi, pesquisadora de campo da Box 1824, e Germano Penalva, ex-aluno da PUC-Rio (e, não por acaso, co-autor deste blog), faça o link para o Portal PUC Rio Digital.

Das Gangues de Bairros aos Pitboys


Um amigo meu recentemente foi agredido por quatro jovens, quando saía de uma festa de música eletrônica (algo mais brando que uma rave) em Niterói. Ao primeiro esbarrão na saída, o jovem de 20 anos foi agredido por quatro indivíduos, todos na faixa dos 28-30 anos. Dois dos agressores já cumpriram pena por tráfico de drogas, quando caixas e caixas de ecstasy foram apreendidas em suas casas através de uma ação da Polícia Federal. Esse meu amigo não costuma sair muito para festas e jamais havia brigado, sequer ameaçado participar de um conflito violento.
No mesmo dia encontrei o pai do agredido, que se mostrou extremamente preocupado com a segurança do filho. Decidiu não registrar queixa (por orientação do próprio delegado) para evitar possíveis retaliações. Sua preocupação de pai era um reflexo de sua juventude: ele me contou que quando era jovem, as brigas na cidade de Niterói eram geograficamente distribuídas. A turma daquele bairro encarava a turma do outro bairro, às 17h horas, na praia, uma espécie de Faixa de Gaza da juventude. E esses eventos se prolongavam por meses e meses.
Posteriormente, esse meu amigo, que estava com medo de ir a locais públicos, foi convencido a ir a uma boate. Lá, por sorte ou azar, encontrou dois dos quatro agressores. Para a sua surpresa, eles sequer lembravam do ocorrido e o ignoraram por toda a noite. Descobrimos que no dia da briga, por estarem sob o efeito de drogas sintéticas, eles não memorizaram a fisionomia da vítima. Foi apenas o brigar por brigar, como uma catarse corporal para o efeito alucinógeno das drogas. O corpo quer extravasar e isso é transformado em violência.
Não vivemos mais nos tempos de gangues. Há algum tempo não vemos lutadores de Jiu-Jitsu se enfrentando a céu aberto. Somente as torcidas organizadas de futebol guardam essa triste tradição do enfrentamento grupal. Vivemos no tempo da briga pela briga, sem motivo, sem justificativa. Brigar por si só já é um ato estúpido. Mas brigar sem motivo, socar outro ser humano como se estivesse treinando boxe em um saco de pancadas consegue ser ainda mais irracional.
A juventude carece de causas concretas para a luta. Se é que podemos chamar de juventude traficantes e agressores, que não vêm nenhuma perspectiva em seus horizontes. A violência faz parte da natureza, mas não pode e não necessita fazer parte da natureza humana.

Dúvida radical

A "dúvida radical" é um preceito que fundamenta a natureza do trabalho do pesquisador. Especialmente na antropologia, devemos sempre duvidar do que nos cerca, inclusive de nossas certezas. Este é o espírito deste blog, que se inspira na ambivalência da juventude para explorar questões contemporâneas de nossa sociedade.
Afinal, o que é a juventude, senão a própria experiência da dúvida radical? Entre ser criança ou adulto, igual ou diferente, rebelde ou comportado, escolhas certas não existem, pois o que importa é ter escolhas. Na costrução de sua identidade, o jovem ora é um, ora é outro, e ainda pode ser muitos.
A juventude sequer é privilégio de quem ainda não chegou aos 30 - e nem aos 40, 50 ou 60 anos. Ser jovem, hoje, é uma regra. Nunca a juventude esteve em posição tão privilegiada socialmente - hoje, seus valores são hegemônicos. O corpo ideal é o do jovem, assim como ideais são seus múltiplos estilos de vida, suas motivações para o consumo ou suas diferentes - e tecnológicas - formas de se comunicar. O mundo se juveniliza.

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